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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

O Menino e o Mundo

Alô! Hoje eu vou analisar com vocês um dos meus filmes de animação favoritos e provavelmente o que mais me marcou quando eu o assisti pela primeira vez: O Menino e o Mundo!



É incrível como um filme pode incentivar ou emocionar uma pessoa, desde a mensagem que o mesmo tenta passar aos telespectadores, ou a motivação para a jornada do protagonista. Geralmente os estúdios sempre tentam aprimorar os seus acervos tecnológicos para que além de fazer uma animação de maior qualidade, eles possam transmitir uma mensagem mais impactante e mais clara para o seu público. O Menino e o Mundo é o maior exemplo de que é possível impactar uma plateia com o máximo de simplicidade.

Dirigido por Alê Abreu e produzido por muitos outros animadores menores, o filme lançado em 2013 foi vangloriado pela crítica, porém não teve muito sucesso com o público brasileiro. Isso não impediu a animação de competir o Oscar daquele ano com outras grandes obras como Divertidamente da Pixar, que acabou levando o prêmio para casa.

Pra falar de O Menino e o Mundo, é inevitável citar o extraordinário processo de desenvolvimento do filme. Acho que uma das coisas que mais chama atenção à primeira vista é a arte minimalista e abstrata do filme. Isso porque o filme inteiro foi produzido apenas utilizando técnicas manuais, no papel mesmo. A ideia de Alê Abreu foi valorizar o trabalho manual e utilizar técnicas de animação pouco digitais, que inclusive remete a um aspecto que o filme explora, que vamos analisar mais à frente. O visual do filme é feito com lápis de cor, giz, canetinha, tinta acrílica, colagem, e etc, o que dá um visual bem simples e despojado a obra. 

Essa ideologia simplista do filme se aplica também ao design do som e a trilha sonora. Os sons são feitos inteiramente com instrumentos acústicos e há o constante uso de percussão corporal, como o barulho da chuva que é feito por várias pessoas batendo levemente as palmas das mãos. A animação é basicamente muda, os poucos diálogos no filme são feito em português inverso, ou seja, os dubladores tiveram que falar suas falas ao contrário, para criar uma língua própria para o filme, o que foi uma das maiores dificuldades que a equipe de dublagem teve. Não só as falas do personagens estão invertidas, como também as músicas do filme estão ao contrário também, como por exemplo a música airgela (alegria). Inclusive o rapper Emicida, que fez uma participação especial na trilha sonora da obra e também compôs o tema principal da animação (que inclusive é tão cheia de contexto social e poesia que poderia facilmente ser lançada como um single), teve que cantar uma das canções ao contrário.

O filme é protagonizado por Cuca, um menino que vive no interior e que sai de sua casa em busca de seu pai, que foi à cidade na procura de trabalho, mas em sua jornada encontra uma sociedade assolada por uma variedade de problemas sociais, isso tudo aos olhos de uma criança.

O Menino e o Mundo é centralizado principalmente em analogias, alusões, e críticas sociais, focando principalmente em temas como a desigualdade social, e o desemprego estrutural. É surpreendente o modo que os produtores alcançaram tal objetivo. Como eu citei anteriormente, a animação é muda, então naturalmente a equipe teve que escapar dos padrões e criar algo criativo mas que conseguisse transmitir de maneira clara e objetiva a mensagem do filme. Um dos meus exemplos favoritos é a maneira como os dois locais principais do filme são retratados. 

O início da animação se passa no interior, um lugar simples, pacífico, e monótono, e é representado de igual maneira na animação.

Aqui, os traços são simples, a grama colorida são meros rabiscos feitos com lápis de cor, e a maioria das cenas que se passam nesse local, são compostas por fundos brancos, como uma folha de papel. 

Imagem relacionada






















Quando a cidade se torna a localização principal, os leves rabiscos que formavam a grama são substituídos por uma ampla poluição visual causada por colagens feitas a esmo e com total descuido.

Essa foi a maneira genial achada pelos produtores para criticar a sociedade atual. Aqui as favelas são literalmente enormes montanhas de barracos, há centenas de televisores e outdoors propagando o consumismo, e a sociedade sub-desenvolvida é completamente alienada e extorquida pelo povo privilegiado para a produção em massa de bens materiais. Esse é um dos principais motivos pela arte artesanal e com poucas influências digitais que o filme adota, os produtores não quiseram criticar a desvalorização do trabalho manual apenas na história do filme, mas também, na produção do mesmo.

Bem, acho que não tenho mais nada pra falar aqui a não ser recomendá-los a assistir o filme.
Eu vou deixar um link de uma playlist com alguns vídeos (2 vídeos) do making of do filme, e eu recomendo muito acompanhar o processo de criação, vale muito a pena, e a maioria das informações desse post eu tirei de lá. Mas assistam o filme primeiro!

Eu plagiei peguei um pouco de informação desses sites também!:

O resto vem única e exclusivamente da minha mente. Até a próxima!

-xoxo 

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